segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Maria: modelo dos servidores do Evangelho

 


      Neste dia em que a Igreja católica no Brasil celebra a solenidade de Nossa Senhora Aparecida, a liturgia nos oferece o texto de Jo 2,1-11, que narra a festa de casamento em Caná da Galiléia. Para essa festa foram convidados Jesus, seus discípulos e sua mãe.

O texto conta que o vinho da festa acabou, e Maria logo percebeu. Ela sabia que Jesus poderia fazer alguma coisa, pois conhecia o seu filho. Interessante essa percepção de Maria, prova de sua sensibilidade. Aqui já podemos pensar sobre o valor da sensibilidade para a vida cristã.

Nossos dias são marcados pela insensibilidade, que manifesta o terrível pecado da indiferença. Quem tem fé em Jesus não pode ser insensível à dor do outro, porque o encontro com Jesus é encontro com o outro, que existe em determinado contexto. A falta do vinho simboliza a ausência de amor, perdão, solidariedade, justiça, mansidão, paz, e de tudo o que é necessário para vivermos dignamente.

O discípulo de Jesus, guiado pelo Espírito do Senhor, consegue identificar a falta do vinho, e não fica parado, esperando que alguém faça alguma coisa. Maria não ficou parada, mas foi até Jesus. Ela sabia que Jesus não iria ficar indiferente.

Olhando para os discípulos de Jesus, Maria diz: "Fazei o que ele vos disser". É como se dissesse: "Fiquem atentos, porque Jesus vai fazer alguma coisa para que a festa possa continuar". Então, Jesus age, providenciando vinho novo para a festa: 600 litros de vinho! O responsável pela organização da festa ficou admirado, porque experimentou do vinho novo, de boa qualidade. E a festa continuou, sem que o noivo soubesse de onde tinha saído tanto vinho.

O vinho novo é símbolo da renovação e da abundância. O desejo de Deus é que seus filhos possam se renovar sempre, mudando a mentalidade, aceitando o novo que transforma. Em Cristo, nasce o novo homem, porque "as coisas antigas já se passaram". Esse novo homem é o vinho novo presente no mundo, que causa alegria e festa. O cristianismo não é a religião da tristeza, mas da alegria e da festa.

Jesus realiza o seu primeiro sinal em uma festa de casamento. Isso é muito significativo, porque se distancia do formalismo que muitas vezes muitos cristãos querem imprimir no cristianismo. Os sinais de Deus se manifestam no cotidiano da vida comunitária. Jesus sinaliza para uma presença divina marcada pela simplicidade e pelo amor que não deixa nada faltar.

O evangelista faz questão de afirmar que diante da manifestação do sinal operado por Jesus, os "discípulos creram nele". É para crer em Jesus que os sinais são realizados. O mais importante não é o sinal, mas a fé em Jesus. Os sinais de Jesus não possuem um fim em si mesmos, mas apontam para a necessidade da fé. Pela fé, muitos outros sinais são realizados; pela fé, a comunidade cristã entra em comunhão com a Trindade, e a festa do Reino se torna realidade já neste mundo, e de forma definitiva no mundo futuro.

Tiago de França

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