quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

A ilusão das armas


        Há muitos problemas no Brasil: o desemprego, a violência e a corrupção são os maiores. Quais medidas o governo está propondo para resolvê-los? Nem durante a campanha nem após a eleição, Bolsonaro pronunciou a palavra emprego. Não parece preocupado com a triste situação dos mais de 12 milhões de desempregados.

            No que tange à violência, quando deputado pelo Rio de Janeiro, Bolsonaro nunca propôs nada para ajudar aquele estado. O ex-juiz federal e atual ministro da Justiça e Segurança Pública só fala em combater a corrupção. Parece que não se deu conta de que se tornou ministro da segurança pública.

Em relação ao problema da violência, até agora não propôs absolutamente nada. O estado do Ceará está um caos, e a única medida tomada foi a mesma do governo Temer: envio das forças armadas, como se estas resolvessem alguma coisa.

Considerando a forma como estão tratando o caso dos ex-assessores e motorista da Família Bolsonaro, bem como do caixa 2 do ministro da Casa Civil, o combate à corrupção será igual ao que ocorreu na operação Lava Jato, que combateu somente a corrupção de pessoas ligadas ao PT e aos governos petistas. Nada se fez até agora para investigar, processar e punir políticos não petistas como Temer, Aécio, Beto Richa, Geraldo Alckmin e outros.

            Facilitar o acesso às armas não é uma medida que visa promover a segurança pública. Se assim fosse, os EUA seriam um país seguro. Todos sabemos que os norteamericanos são conhecidos no mundo pela violência, pela quantidade insuperável de pessoas presas e pela chacina de pessoas. O povo daquele país vive em estado de alerta.

            No Brasil, a situação não é diferente: caminhamos para a cifra de 800 mil pessoas encarceradas; mais de 60 mil pessoas são assassinadas por ano; a violência e o crime organizado dominam a sociedade. O Estado não sabe nem tem interesse de resolver a situação. Vive adotando medidas paliativas para passar a ideia de que está tomando providência. O atual governo foi eleito sem nenhum projeto para esta área. Os brasileiros continuarão sendo assassinados, principalmente os mais pobres.

            Com armas em casa, as pessoas terão mais facilidade de matar umas às outras. O decreto assinado pelo presidente dá liberdade para a posse de até 4 armas por pessoa. Está mais que clara a intenção do presidente: facilitar para que os brasileiros se matem. Assim, se reduz os gastos do governo. Gente morta é sinônimo de economia de gastos. É uma forma diabólica de conter o número da população. Esta parece ser a ideia central.

            O decreto do governo beneficiará, em primeiro lugar, à indústria das armas. Esta é a primeira interessada a beneficiada. Também os criminosos serão beneficiados, pois poderão roubar e furtar armas nas residências das pessoas. Por fim, aqueles que possuem um desejo oculto de matar pessoas também estão felizes com a medida. A partir de agora poderão ter armas para eliminar seus inimigos. Usar as armas para a legítima defesa é o que menos se verá acontecer.

            Não é nenhum exagero afirmar, categoricamente, que os responsáveis pelo sangue das vítimas desta medida são o presidente que a adotou, seus correligionários e as pessoas que o elegeram. O banho de sangue certamente será mais intenso. Os mais pobres que se cuidem!

Tiago de França

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