Os presidentes dos EUA e do Brasil estão causando
perplexidade no mundo inteiro. A forma como lidam com a pandemia do coronavírus
transparece uma preocupação unilateral com a economia. É verdade que a economia
é importante. Mas que tipo de economia estes dois presidentes defendem e
promovem?
A economia capitalista é exclusivista, e não inclusiva. Em
primeiro lugar, busca-se o lucro. Este é o fator mais importante. Para lucrar,
o empresário faz o possível e até o impossível. Produzir, vender, consumir,
multiplicar, explorar, mercantilizar, coisificar são, entre outros, os verbos
que indicam ações e métodos capitalistas.
Preservar o meio ambiente, cuidar das pessoas, promover a
dignidade humana, incluir os excluídos, priorizar a solidariedade entre pessoas
e povos, reduzir as desigualdades sociais etc., são ações que não encontram
lugar na economia capitalista. O capitalismo selvagem não prioriza a vida
humana, mas a coisifica, tendo em vista o lucro.
Quem está por trás dos discursos abomináveis de Trump e Bolsonaro?
A resposta é simples e objetiva: A elite econômica. Esta é formada pelos
grandes empresários, pessoas que financiam as campanhas eleitorais, que buscam
controlar a política e as instituições do Estado.
No Brasil, a elite e grande parte da classe média (esta
pensa que é elite, mas não é) trabalharam, incansavelmente, para que Bolsonaro
fosse eleito. Este cenário desastroso que assistimos causa perplexidade nos
pobres e em parte da classe média. Os grandes empresários não estão vendo
problema algum.
Em tempos de pandemia, o que faz a elite econômica?
Pressionam os governantes para que mantenham seus privilégios. Por isso que
todas as medidas tomadas nos EUA e no Brasil, bem como em outras partes do
mundo, mas principalmente nestes dois países, visam preservar a economia dos
ricos: uma economia excludente.
Os EUA vão injetar bilhões e bilhões de dólares na
economia, favorecendo as grandes empresas, que já são riquíssimas. O dinheiro
público será utilizado para beneficiar os mais ricos. No Brasil, não há tanto
dinheiro como nos EUA, para se injetar na economia. Mas mesmo assim, além do
pouco que se tem, e que se colocará à disposição dos mais ricos, inúmeras
medidas estão sendo tomadas, incluindo mudanças legislativas, para beneficiar
os empresários. Aos pobres, foi anunciada uma esmola de R$ 200,00 (duzentos
reais).
Não interessa aos capitalistas selvagens uma economia de
bem-estar social, mas defendem o Estado mínimo. Este só interfere na economia
para evitar que as grandes empresas quebrem. Um Estado mínimo não interfere,
mas permite o abuso, a exploração, a selvageria, o constante desrespeito à
dignidade da pessoa humana. O Estado mínimo não responde por nada nem por
ninguém, mas abandona os mais pobres à própria sorte. Cada um salve-se como
puder. Esta é a regra.
A esperança é a de que os brasileiros estejam prestando
atenção a tudo isso. Do contrário, neste ano e em 2022, por ocasião das
eleições municipais e gerais, vai se repetir a triste escolha majoritária feita
nas duas últimas eleições: uma maioria de políticos muito ricos, gente da elite
econômica, que está dominando o Estado para seu próprio benefício. Que os
brasileiros acordem para a realidade, antes que seja tarde demais.
Tiago de França
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