domingo, 18 de setembro de 2016

A morte do ator Domingos Montagner e a transitoriedade da vida. Pensamentos (XX)

A notícia da morte do ator Domingos Montagner pegou todo mundo de surpresa. A morte sempre nos surpreende. As pessoas sempre pensam que se terão por muito tempo.

Praticamente ninguém reflete sobre a transitoriedade de todas as coisas. E com os avanços da técnica e da ciência, o homem procura sempre, os meios para adiar a própria morte. Mas, muitas vezes, ela não respeita esses métodos; é mais forte que todos eles.

A morte das pessoas, sejam famosas ou não, deveria ser uma oportunidade para cada um pensar na própria morte e, sobretudo, na própria vida. Está valendo a vida que levamos? Há sentido na vida que insistimos em manter? Qual tem sido a nossa contribuição para o crescimento da vida em um mundo marcado pelo poder avassalador da morte?...

Estas e tantas outras perguntas deveriam nos levar a uma reflexão sobre a nossa maneira de viver a vida, sobre aquilo que realmente importa.

Assistindo pela TV às lágrimas dos amigos mais próximos do ator, assim como de seus familiares, uma pergunta surgiu: será que estas pessoas aproveitaram bem a sua presença? Será que lhe deram o devido valor enquanto ele estava vivo?...

Infelizmente, em inúmeros casos, descobre-se o quanto o outro faz falta somente em decorrência da sua morte. Aí é tarde demais.

Estas mortes repentinas falam da fragilidade da vida humana, de sua transitoriedade inevitável. Isto nos alerta para uma verdade que a gente sempre evita considerar: não teremos ao nosso lado e ao nosso alcance, para sempre, as pessoas que nos são queridas.

Cedo ou tarde, previsível, ou imprevisivelmente, elas desaparecerão. As pessoas são finitas, elas passam. Ninguém é eterno neste mundo. Uns desaparecem com o passar do tempo; outros, deixam de existir de repente, num estalo de dedos. Evaporam como a fumaça levada pelo vento...

E quando isto não ocorre, somos nós que conhecemos o nosso fim, e desaparecemos da vida das pessoas. Às vezes, deixamos de existir para os outros por causa dos nossos conflitos e do nosso orgulho; outras vezes, porque simplesmente morremos.

Quando vivos, ainda existe uma possibilidade de nos reencontrarmos para continuarmos juntos a peleja da vida; do contrário, quando morremos, aí já não tem mais jeito. E não há choro nem revolta que mude a situação. Esta se impõe sem pedir licença.

Para a vida deste mundo, a morte é irreversível. Uma vez mortos, para os que ficam, ingressamos em um de dois mundos: no mundo das lembranças, ou no mundo do esquecimento. É assim a vida humana sobre a face da terra.

Nada, absolutamente nada, muda isso: nem nosso dinheiro, nem nossa vaidade, nem nosso orgulho, nem nosso prestígio, absolutamente nada consegue mudar a certeza e a realidade de nosso fim.

É a nossa condição de seres que caminham, inevitavelmente, para a morte. E a cada dia que se passa, ela se torna próxima. Resta-nos, a esperança da ressurreição para aqueles que creem. Para os que não creem, o homem caminha ao encontro do nada.

Tiago de França

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