As notícias
indicam que o novo coronavírus não deixará o Brasil tão rapidamente como se
pensava. Mas houve quem pensasse que ele iria embora rapidamente? Sim, o
presidente da República, quando afirmou ser o novo coronavírus uma “gripezinha”.
Curiosamente, o presidente diz estar tomando a tal da cloroquina, ao anunciar,
sem ser obrigado por medida judicial, que está contaminado.
Sobre esta contaminação, há os que
questionam se é ou não verdade. Mas por que esse questionamento aparece? Porque
muitas notícias falsas estão diretamente ligadas ao governo. Nestes dias, o Facebook derrubou uma rede de perfis
falsos ligada a funcionários dos gabinetes da família Bolsonaro. Já parece
bastante claro que desde a campanha eleitoral o governo trabalha com as
chamadas fake news (notícias falsas).
E qual a finalidade dessas falsas notícias? Obviamente, enganar as pessoas,
levando-as a acreditar naquilo que não existe, criando, assim, um Brasil fake.
Seria impossível que as notícias
falsas não aparecem durante a pandemia do novo coronavírus. É o que está
acontecendo, desde que o vírus se manifestou na China. Quando se noticiou o
surgimento do vírus, os produtores de notícias falsas entraram em ação, dizendo
que a China criou o vírus para se beneficiar política e economicamente. Qualquer
pessoa que faça uso, minimamente, da sua massa encefálica (cérebro) percebe a
falta de lógica de toda e qualquer notícia falsa. Como o que é falso é
logicamente oposto ao que é verdadeiro, então a razão logo descobre a falsidade
daquilo que é invenção de gente desocupada e maliciosa.
Quando chegou ao Brasil, o chefe do
poder executivo federal, também chamado de “mito” pelos seus fãs, logo
minimizou a situação. Como no Brasil há uma massa incontável de pessoas
desinformadas, a expressão “gripezinha” do presidente viralizou. Seus fãs a
dogmatizaram. Muitos desses fãs hoje descansam nos túmulos dos cemitérios pelo
Brasil afora. Devem ter se esquecido de que eram pobres, e não tinham uma UTI
no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A “gripezinha” pegou o presidente, que
toma cloroquina. Mas esse remédio serve para gripe? O Brasil é o país da piada
pronta!
O vírus se aproveitou bem da
letargia inerente a muitos do povo brasileiro e seus governantes. Inicialmente,
até que governadores e prefeitos agiram rapidamente, pois não foram
contaminados pelo vírus da ignorância que nunca deixou o presidente em paz. Começaram
a falar de isolamento social. Mas para este dar certo, seria necessário que o
povo fosse disciplinado, e que o Ministério da Saúde contasse com medidas
enérgicas de combate ao vírus. Ambas as coisas não existem: o povo tende à
indisciplina, e o Ministério da Saúde não tem sequer um Ministro. Pelo contrário,
mais parece um quartel de militares!
O vírus foi ganhando espaço e
corpos, fazendo o brasileiro conhecer a Covid-19. Segundo os números oficiais
atualizados, mais de 70 mil pessoas morreram. O brasileiro ainda não parou para
pensar sobre esse número. Mas como a maioria vive sem analisar as coisas,
porque as pessoas não são educadas para análises, o número já não assusta. É mais
fácil dizer que o número é invenção da mídia, ou de governos que querem receber
dinheiro por pessoa morta. Essas fake
news circulam como se fossem verdades.
O presidente previu esse número. Mas por que será que ele
fez essa estimativa? Porque, segundo ele, o novo coronavírus é como a chuva:
Vai pegar todo mundo! É como se tivesse dizendo a todos os brasileiros: “Olha,
eu acho esse vírus uma bobagem! Como não estamos fazendo muita coisa para combatê-lo,
pois o nosso foco é a economia, ninguém vai escapar, taokey?” Com outras
palavras e ações, o presidente quis dizer isso aí, desde o início da pandemia.
Mas um presidente pode agir dessa forma? Pode, sim. Não deveria,
mas age. Por que será que as pessoas já não acham isso um absurdo? Porque o
brasileiro, de modo geral, já está se acostumando com o que é ruim. Nas redes
sociais, a produção diuturna de notícias falsas ajuda a anestesiar e a manter
as pessoas na cegueira. Já não se enxerga absurdo nenhum. Nunca na história do
Brasil, o brasileiro se viu numa situação tão esquisita e, simultaneamente, tão
bem arquitetada como a atual.
A cloroquina está recebendo o mesmo tratamento de uma arma
de fogo. Quem ganha com a flexibilização do uso das armas? A indústria de
armas. Quem ganha com o uso irresponsável e danoso da cloroquina? A indústria
farmacêutica. Quem não enxerga isso? Os iludidos. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) já se pronunciou sobre a cloroquina. Por acaso a OMS é um partido
político, que trabalha com ideologias? A Agência Nacional de Saúde (Anvisa) e o
Conselho Federal de Medicina são organizações partidárias? Claro que não! Essas
instituições trabalham com pesquisas e dados científicos. Quem entende de
medicamentos é a ciência. Os políticos brasileiros, de modo geral, mal entendem
de política.
A cloroquina não previne as pessoas da ação do novo
coronavírus. Quem tomar esse remédio e se expor ao vírus, será contaminado. Não
existe medicamento capaz de impedir que alguém contraia um vírus. Em estágio
avançado da Covid-19, o médico pode, após analisar cuidadosamente as condições
do paciente, prescrever a cloroquina. Trata-se de um remédio que possui efeitos
colaterais que colocam em risco a vida das pessoas, principalmente insuficiência
cardíaca com desfecho fatal. Basta ler a bula do medicamento para descobrir o
quanto é perigoso para muitas pessoas.
Mas o presidente está prescrevendo a medicação? Claro que
não! Ele não é médico. Mas está indicando, influenciando, incitando, levando as
pessoas a acreditar que se trata de um remédio que serve para todas as pessoas,
inclusive no estágio inicial da doença. Ao anunciar o resultado positivo para
Covid-19, logo informou que estava tomando a cloroquina; ou seja, no estágio
inicial da doença. Nenhum médico minimamente responsável prescreve um remédio
como esse no estágio inicial da doença, com presença de sintomas leves. Mas como
no Brasil tudo é possível, então é possível também que alguns médicos estejam
fazendo isso; principalmente se o médico for eleitor ou fã do presidente.
Onde já se viu um presidente da República indicar um
remédio reprovado pela OMS? O presidente dos EUA fez o mesmo, no início da
pandemia, mas depois percebeu que estava equivocado. O que fez? Não mais
recomendou o medicamento, e disse que mandaria o estoque para qual país do
mundo? O Brasil! Não quis o mal para si e seu povo, mas quer mandar para os
outros, dominados pela cegueira. Mas isso somente aparece como absurdo se a
pessoa conseguir enxergar, criticamente, a realidade.
O fato de o presidente ter contraído o vírus é um sinal
indicativo. A indicação da cloroquina não é o mais grave da situação brasileira
atual. O mais grave é que as pessoas estão morrendo e o governo federal mal
consegue fazer o básico, e de propósito. Nenhum país do mundo, afetado pelo
vírus, comportou-se como o Brasil. Em outras palavras, nenhum outro chefe de
nação se comportou tão irresponsavelmente como o presidente do Brasil. É algo
inédito na história mundial.
No cenário internacional, os demais países estão
estarrecidos com o que está acontecendo no Brasil. A imagem deste país está
totalmente comprometida. A mídia internacional, principalmente a europeia, que
não tem nada de comunista, retrata o que ocorre por aqui. A imagem que eles
apresentam, retratando a realidade que a mídia brasileira tende a esconder, é
muito vergonhosa. Os investidores não estão querendo investir no Brasil, pois o
governo brasileiro não oferece segurança nenhuma. Pelo contrário, vendem a
imagem de um país que não existe, como se os investidores internacionais fossem
tão desinformados como a maioria do povo brasileiro.
Mais de 70 mil mortes por Convid-19; centenas de indígenas
perdendo a vida, porque grileiros de terras e outros criminosos levam o vírus
para as aldeias; quase 13 milhões de pessoas desempregadas; milhares de
pequenas e médias empresas fechando as portas; o presidente e seus filhos sendo
investigados pelo Judiciário, no STF e no TSE (inquérito das fake news contra o STF e nas eleições, e
inquérito das “rachadinhas”, entre outras investigações que respingam no
presidente e filhos); desvios de dinheiro na compra de insumos hospitalares em
vários lugares; descoberta de uma rede criminosa de produção e circulação de
notícias falsas nas redes sociais; o aperfeiçoamento da “reforma” trabalhista
do Temer, agravando ainda mais a situação do trabalhador; a elaboração de uma “reforma”
tributária que vai tornar mais pesado o fardo de impostos nas costas dos pobres
etc. Esses e outros males estão acontecendo no Brasil. Será que as pessoas
estão percebendo?
Para além da Covid-19, a situação do Brasil é gravíssima. E
a culpa não é do Lula nem da Dilma, como os bolsonaristas costumam dizer. Os
governos petistas cessaram com a cassação da Dilma. Agora é Bolsonaro. A responsabilidade
pela condução do país é dele. Não adianta jogar a culpa no passado, nem em
terceiros. O governo atual foi eleito sem um projeto para o país, e continua
sem projeto. Onze ministros caíram em menos de dois anos de governo. Somente no
Ministério da Educação, já estamos com o quarto ministro no mesmo período! A
situação de desgoverno é clara. Não sabem administrar a coisa pública.
A reunião ministerial de 22 de abril, tornada pública,
evidenciou o nível do governo: Total e vergonhosa desqualificação. O Brasil
pode ser comparado a um transatlântico (navio gigante), que não sabe para onde
vai. Totalmente exposto e desgovernado, poderá cair num precipício, porque o
comandante da embarcação não sabe comandar. Foi eleito sem nunca ter sido
prefeito sequer de uma das milhares de cidades pequenas do país. Não é
necessário falar do histórico do presidente, porque já é bastante conhecido.
Tudo indica que após a pandemia as coisas continuarão do
mesmo jeito ou pior. Isso não é pessimismo, mas realidade. Quando um governo
não tem projeto para o país, dificilmente as coisas melhoram. As melhorias
dependem de projetos inclusivos, transparência na administração e boa vontade
política. Essas três exigências para a construção de um país justo e fraterno
para todos não existem no atual governo. Como a esperança é a última que morre,
espera-se que, pelo menos, o povo esteja prestando atenção a tudo o que está
acontecendo e vote melhor em 2022. Assim como em 2018, em 2022 as pessoas terão
alternativas melhores para uma escolha madura e consciente; do contrário, o
país continuará sofrendo e passando vergonha perante o mundo.
Tiago de França
2 comentários:
PARABENS AO REDATOR DO TEXTO. EU NAO SOU CRISTAO, MAS O TEXTO TA RECHEADOS DE VERDADES.
Obrigado! Abraço.
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