A retomada das atividades comerciais e a movimentação das
pessoas no espaço público não resolverão o problema da economia a curto prazo.
A economia brasileira somente vai se recuperar após muito investimento estatal
e geração de emprego e renda. Afirmar o contrário é mentir para o povo, e
causar mais mortes.
Hoje, 16 de junho, foram registrados 37.242 novos casos nas últimas 24 horas, totalizando 928.798 casos. Muito em breve, o Brasil
chegará a 1 MILHÃO de casos confirmados. Nas últimas 24 horas foram registradas
1.338 mortes, totalizando 45.456 mortes. Será que as pessoas já
pararam para pensar neste número? Ou será que foram contaminadas pelo vírus da
insensibilidade?
Os números PROVAM que a flexibilização foi adotada no
momento ERRADO. As pessoas estão se contaminando e morrendo. Vai chegar o
momento em que irão procurar atendimento médico e não serão atendidas. Motivo:
Falta de vagas nas UTIs. Como é que os governantes ousam defender que a
flexibilização está acontecendo porque há UTIs vagas? Esse critério é válido?
Por que temos hospitais, as pessoas podem se contaminar? Essa é uma lógica
declaradamente genocida.
Quem está morrendo? Os mais pobres. Ou será que os ricos,
principalmente os empresários, estão expostos ao vírus, em seus carros, mansões
e apartamentos seguros e confortáveis? Claro que não! Estamos assistindo ao
genocídio de pessoas pobres no Brasil. E quem discorda, considere os números. E
se os números não são suficientes para o necessário convencimento, a chegada do
vírus às famílias e parentes próximos dos mais teimosos trará este
convencimento.
A pandemia se estenderá por mais tempo e matará mais
pessoas, porque a flexibilização segue sendo feita como se estivéssemos no seu
fim. O Brasil está longe do fim da pandemia. Quanto mais o vírus se espalha,
mais pessoas correm o risco de morrer. O isolamento social, apesar das
resistências, deveria ter sido mantido, funcionando, apenas, os serviços
essenciais. Com ou sem isolamento social, a economia brasileira continuará
estagnada. O atual governo não tem projeto para uma economia inclusiva dos
pobres.
Quando a pandemia passar, o discurso será: "Estamos
mal por causa do coronavírus!" Já estávamos mal muito antes da chegada do
coronavírus. O atual governo está a serviço dos empresários. As falas e posturas do presidente mostram que não está preocupado com a morte de parcela da população
brasileira. Tentou até esconder o número de mortos. As tentativas do governo
não são em prol da vida, mas dos que querem continuar ganhando muito dinheiro.
Esta é a realidade, quer se aceite, quer não.
Numa sociedade capitalista, em primeiro lugar, busca-se a
salvação dos mais ricos, e não dos mais pobres. Primeiro o CNPJ, depois o CPF.
O Estado deveria trabalhar para socorrer os mais frágeis, pois essa é a razão
de sua existência. Mas os donos da economia mandam fazer o oposto: Primeiro é
preciso salvar o mercado financeiro. A lógica neoliberal é um tanto curiosa: Os
empresários não querem fiscalização pesada nem pagar muitos impostos; mas
quando estão prestes a quebrar, exigem o socorro do Estado. Nesta hora são a
favor da intervenção estatal.
E o que faz o Estado? Emprega o dinheiro público na
salvação do mercado financeiro; perdoa dívidas; oferece inúmeras facilidades; e
onera mais ainda os pobres, para que paguem a conta. É isso que está por trás
das falas dos ministros da economia e meio ambiente, na reunião do dia 22 de
abril: O primeiro reclamou a venda do Banco do Brasil, usando até palavrão; e o
segundo, disse que é preciso aproveitar que o brasileiro está com a atenção
voltada para a pandemia, para "passar a boiada" no meio ambiente, ou
seja, flexibilizar leis, retirar multas e entregar o patrimônio natural aos
exploradores.
Enquanto as pessoas morrem, o presidente e seus apoiadores
estão enfrentando medidas judiciais. Enfrentam fazendo ameaças, como se
estivessem acima da lei. Não aceitam ser questionados. Fazem e desfazem e não
querem ser incomodados. É um estado de coisa que nunca se viu na história do
Brasil. Mas não se chegou ao fundo do poço. Parece ser necessário que se
chegue, para que os iludidos acordem. Alguns já foram tomados pelo sono eterno
(não sobreviveram ao coronavírus), outros estão fazendo muito barulho.
E assim, o Brasil segue passando vergonha perante o mundo.
O que é ruim vai se normalizando, e as pessoas tendem a se acostumar. Quando o
que é ruim vira a regra do convívio social, as mortes dos fracos já não
incomodam mais. No começo da pandemia, o presidente estimou que morreriam uns
70 mil brasileiros de Covid-19. Já são mais de 45 mil. Por que o presidente fez
essa previsão? Porque desde o início decidiu que nada faria para impedir isso.
Antes, tem colaborado para a situação piorar. Não é à toa que não há um
ministro da Saúde, mas um general do exército ocupando o posto. Qualquer pessoa
minimamente inteligente compreende o significado disso.
A esperança, que permanece viva, é que o brasileiro aprenda
a lição, mesmo tendo que assistir à morte de milhões de contemporâneos. No
futuro, os que não sofrerem da memória, sentirão muita vergonha desse período
triste, ameaçador, sombrio, deplorável e horroroso da história brasileira.
Por isso, se puder, PERMANEÇA
EM CASA.
Tiago de França
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