sexta-feira, 1 de maio de 2020

DIA DO TRABALHADOR 2020


Neste ano, assim como nos últimos anos, não temos muito o que comemorar: Estamos com 12,9 milhões de pessoas desempregadas. A pandemia do coronavírus piorou a situação. Já antes da pandemia, o governo federal não demonstrava interesse na questão do emprego. Este nunca integrou a pauta do atual governo.
O governo do presidente Temer promoveu a Reforma Trabalhista, com a promessa de que a situação mudaria. Temer dizia que milhões de empregos seriam criados com tal Reforma. A propaganda era enganosa. Os números mostram que a situação se agravou, e tende a piorar porque não há políticas públicas de geração de emprego e renda.
O atual governo concentra a atenção no empregador, favorecendo-o. Não há medidas que beneficiem o trabalhador. A base aliada do governo no Congresso trabalha para tirar o que restou do conjunto ameaçado dos direitos trabalhistas.
Para o presidente Bolsonaro, os trabalhadores tem muitos direitos, e isso impede a geração de empregos. A ideia é criar postos de trabalho com pouca segurança para o trabalhador, transformando-os, desse modo, em mão de obra barata.
Eis as palavras do presidente, por ocasião deste Dia do Trabalhador: "Gostaria que todos voltassem a trabalhar, mas quem decide isso não sou eu, são governadores e prefeitos. Então, um bom dia a todos. O Brasil é um País maravilhoso, eu tenho certeza, com Deus acima de tudo, que brevemente voltaremos à normalidade". O que dizer destas palavras?
Quando o presidente diz que "gostaria que todos voltassem a trabalhar", termina por induzir as pessoas a pensar que há trabalho disponível para todos. E não há. Seu governo não demonstra, efetivamente, interesse em mudar a situação. O discurso é vazio, pois nada propõe.
Ao afirmar que "quem decide isso não sou eu, são governadores e prefeitos", o presidente joga a culpa para estes, como se governadores e prefeitos estivessem decretando o isolamento social sem nenhuma necessidade.
Todos tem notícia da gravidade da pandemia do coronavírus. Nenhum governador e/ou prefeito assina decreta com o objetivo de paralisar seu estado e/ou município sem que haja um motivo sério. Ai do povo brasileiro se governadores e prefeitos não tivessem decretado o isolamento social! Nossa situação estaria bem pior.
A expressão "Então, um bom dia a todos" corresponde ao "Tô nem aí" para a questão do desemprego. Aos mais de 12,9 milhões de brasileiros desempregados, o que o presidente tem a dizer? Resposta: "Um bom dia a todos". O presidente continua o mesmo, porque foi eleito sem apresentar um plano de governo. Seus eleitores acreditaram que este plano apareceria depois da posse. Enganaram-se.
Como na campanha eleitoral, continua repetindo o seu bordão "Deus acima de tudo", para aparentar que é um cristão que espera em Deus, como se Deus resolvesse tudo e confirmasse o que anda fazendo no Brasil. Mas não é bem assim. O verdadeiro cristão, que coloca Deus acima de tudo, trabalha para promover o bem comum, praticando o que manda o Evangelho de Jesus: O amor a Deus e ao próximo.
Se o presidente fosse realmente cristão, suas palavras e gestos estariam em plena sintonia com o Evangelho de Jesus. As pessoas estão começando a perceber que certos discursos religiosos não tem outra finalidade senão enganar os ingênuos e mal informados. Ser cristão é sinônimo de amor ao próximo, que se expressa com o cuidado que se deve manifestar na relação com os outros.
Neste dia, os brasileiros precisavam ouvir do presidente da República propostas e encaminhamentos para solucionar o problema do desemprego; palavras de conforto e esperança, dado o número assustador de mortos por coronavírus; enfim, um discurso coerente com a realidade. Mas o que assistimos é a manifestação pública da encarnação da ignorância e da falta de compromisso com o País.
Espera-se que esta situação desperte a consciência das pessoas, para que enxerguem a realidade e aprendam a decidir, politicamente, de forma mais responsável e consciente. Parafraseando o escritor Euclides da Cunha, autor de Os sertões, podemos afirmar que o brasileiro é, antes de tudo, um forte. A esperança ensina que poderemos sair mais fortes desta pandemia e das crises que nos assolam. É necessário se prevenir e suportar, pois tudo passa.

Tiago de França

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